O Solar dos Araújos com capela e Brasão de Família, é indubitavelmente um dos melhores exemplares do património arquitectónico de Frechas. É construído em xisto, terminadas as paredes em granito de alto a baixo, pintada de branco, portas em castanho, e apesar do estado degradado em que se encontra, ainda emana aquele ar sóbrio, majestoso, imponente. Engloba rés do chão e 1 º andar. No rés-do-chão a frontaria tem a entrada principal emoldurada em granito, cuja porta é muito interessante e original trabalhada em baixo relevo com motivos geométricos e duas friestas de tamanho regular, emolduradas também em cantaria. No 1 º andar tem duas portas de cada lado, que comunicam com uma varanda de cada lado, em ferro. 

As quatro portas do andar superior são emolduradas em granito e cimalhas ornamentadas com um frontão triangular interrompido. A sobrepô-las encontram-se medalhões em granito, iguais os dois das bordas e iguais entre si os do meio, ornados com motivos vegetais e marinhos. 

Ao centro e na parte superior encontra-se o Brasão com as Armas da Farmília dos Araújos Borges Pinto, fidalgo da Casa Real, a quem o monarca português fez mercê. 

O brasão, ao qual se sobrepõe a Coroa, é meado, de uma parte com um leão circulado com flores de lis e da outra duas placas sobrepostas em uma forma de X, com pequenos círculos no cruzamento e extremidades. É emoldurado com elementos vegetais e marinhos. 

Os frontões são encimados por capacete de guerreiro, com motivos vegetais à volta, ladeado por duas conchas. É meado no vértice com um leão ao centro, rodeado de flores de lis, duas barras em X, sobrepostas por quatro círculos salientes ao centro a unir e um de cada lado. 

No 1 º andar, tem duas portas com arcadas em ferro e quatro janelas de cada lado, com cimalha decorada com motivos vegetais, terminadas por uma concha. As duas do centro são iguais. No rés-do-chão, as portadas em madeira são também trabalhadas com motivos geométricos, assim como as duas portas laterais. A porta principal e a da capela têm colunas com capitéis simples. No rés-do-chão, num compartimento, o tecto tem quadros pintados, cuja temática principal são quadros da vida quotidiana, em atitude de subserviência na relação do servo e senhor, todos diferentes, que engloba damas e senhores, servos e servas, animais, etc. 

Tem duas friestas encaixilhadas em granito. Neste piso situava­-se a adega onde se guardava o vinho e azeite, atrás as tulhas do cereal em madeira. Ao lado encontra-se a casa do caseiro, em xisto, a vacaria e loja das bestas. Enquadrada no corpo do edifício, à direita está a capela, em honra de Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, datada, ANNO. D. 1768. É ladeada por colunas, com friso dividido em várias partes, terminada e encimada por volutas. Tem uma portada principal trabalhada, outra mais singela e duas janelas. Acima do frontão iniciado em forma triangular encontra-se uma rosácea, esquartelada. O remate da frontaria da capela faz-se com uma Cruz, de braços decorados de forma requintada. É ladeada na parte superior com duas bases em granito, às quais se sobrepõem uma esfera, que termina numa outra menor. Sobre o telhado erguem-se dois pináculos em forma de pombal. Voltada a Nascente, sobre a capela tem uma torre sineira em granito, em forma de arco interrompido com duas colunas quadradas, nas quais assentam arcos recortados e rematados por bainha saliente. O interior da capela de um só altar em talha dourada é magnifico, embora no presente se encontre em ruínas. Situa-se no rés-do-chão e tem em frente um varandim no 1 º andar que lhe dá acesso. O tecto é colossal, com pinturas de um santo com uma auréola, rodeado de Anjos, ornado com motivos florais, em tons de vermelho, castanho, verde, bege, e azul turquesa. O altar em talha dourado tem duas colunas trabalhadas a meio, com capitéis dourados. No altar com Sacrário decorado com motivos vegetais e anjos, tem Santa Ana com o Menino Jesus ao colo, Santo António à direita, S. Joaquim esquerda. É encimado por um brasão, símbolo da Hóstia Sagrada, que tem dependurado uma coroa, ladeado por dois Anjos, duas colunas e dois vasos do Fogo Sagrado. 

Todo o edifício é uma verdadeira obra prima, pena é que não seja restaurado de imediato, devido ao estado degradado em que se encontra, que a fazer-se a longo prazo tememos se não vá a tempo, mas esse restauro envolve uma elevada quantia financeira e não sabemos se o seu proprietário poderá dispor dela, uma vez que não irá usufruir daí algum lucro, a não ser que seja transformada em museu.